Poemas / Bruno Brum

Medida

Vivo lo que se puede llamar
como una vida media.
En la escuela, siempre me esforcé para
alcanzar la media.
En el trabajo, siempre fui
un funcionario medio.
Mi desempeño en los deportes
nunca excedió la media.
Fui un marido medio, un amante
medio, un hijo medio.
Soy un sujeto de mentalidad mediana.
Con algo de suerte, me mantuve en la media.
Tengo un aliento de alcance medio.
Me quedo constreñido con la posibilidad
de sobrepasar la media.
Nunca esperé de las personas
nada más allá de la media.
Pienso lo que piensa el brasileño medio.
Me desagradan aquellos
que se posan arriba de la media.
Mis miedos y recelos siempre estuvieron
dentro de la media.
Mis sueños de consumo
nunca escaparon de la media.
Mis deseos y fantasías
están todos en la media.
Mis huesos, bien acomodados,
cabrían en una caja de tamaño medio.

 

Mi ex perro
Mi ex perro se me parecía.
Y eso es todo lo que puedo decir.
Se me parecía y yo no me parecía con nadie.
O más bien, me parecía a él.
Durante años fuimos felices así.
Más que la ración sabor pollo con verduras,
nuestra semejanza nos alimentaba.
Nunca hubo nada malo en esto.
Ni una duda siquiera.
Por un tiempo esa semejanza
nos volvió un poco mejores.
O simplemente nos hizo parecer
un poco mejores, no importa.
Lo que importa es que mi ex perro
ya no se parece a mí.
Y yo ya no me parezco más a nadie.

 

Anónimo
¿Dónde estabas el día once de agosto
de mil novecientos treinta y cuatro?
¿En la Navidad del setenta y siete,
en el invierno de mil doscientos trece?
¿Dónde te encontrabas en la madrugada
del día veinte para el próximo día,
primero de enero del año pasado,
primavera del sesenta y nueve
del siglo cuarto?
¿Dónde pasabas cuando ya era tarde
y nadie te llamaba
en aquella noche de los años dorados?
Cuando todo sucedía y desaparecía sin
dejar rastros, ¿por dónde andabas?

Versiones del portugués de Sergio Ernesto Ríos

Medida
Vivo o que se pode chamar / de uma vida média. / Na escola, sempre me esforcei para / alcançar a média. / No trabalho, sempre fui / um funcionário médio. / Meu desempenho nos esportes / nunca excedeu a média. / Fui um marido médio, um amante / médio, um filho médio. / Sou um sujeito de mentalidade mediana. / Com alguma sorte, me mantive na média. / Tenho um fôlego de alcance médio. / Fico constrangido com a possibilidade / de ultrapassar a média. / Nunca esperei das pessoas / nada além da média. / Penso o que pensa o brasileiro médio. / Antipatizo com aqueles / que pairam acima da média. / Meus medos e receios sempre estiveram / dentro da média. / Meus sonhos de consumo / nunca fugiram à média. / Meus desejos e fantasias / estão todos na média. / Os meus ossos, se bem organizados, / caberiam numa caixa de tamanho médio.

Meu ex-cachorro
Meu ex-cachorro se parecia comigo. / E isso é tudo que posso dizer. / Ele se parecia comigo e eu não me parecia com ninguém. / Ou melhor, me parecia com ele. / Durante anos fomos felizes assim. / Mais que a ração sabor galinha com legumes, / nossa semelhança nos alimentava. / Nunca houve nada de errado nisso. / Uma dúvida sequer. / Por muito tempo essa semelhança / nos tornou um pouco melhores. / Ou simplesmente nos fez parecer / um pouco melhores, não importa. / O que importa é que meu ex-cachorro / já não se parece mais comigo. / E eu não me pareço mais com ninguém.

Anônimo
Onde você estava no dia onze de agosto / de mil novecentos e trinta e quatro? / No Natal de setenta e sete, / no inverno de mil duzentos e treze? / Onde você se encontrava na madrugada / do dia vinte para o próximo dia, / primeiro de janeiro do ano passado, / primavera de sessenta e nove / do século quarto? / Onde você passava quando já era tarde / e ninguém te chamava / naquela noite dos anos dourados? / Quando tudo acontecia e sumia sem / deixar rastros, por onde você andava?

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