Nunes da Rocha

Nunes da Rocha
Porque hay lugares vacíos donde nada cabe,
Entre el claro-oscuro del atún de barril
Puede estar el borrador de gran poeta.
Por eso no es de la vida de la que tenemos que huir
Sino en la literatura en la que debemos entrar.

 

La lucha de clases, según el Falé, reformado de la Sorefame

Nunca se encuentran, las paralelas,
Ni aquí, ni en el infinito, vienen en la geometría.
Pero si por apatía depararas paseos opuestos,
Ve cómo las putas tienen modos entre ellas:
Unas joden, otras ejercen.  

Versiones del portugués de José Javier Villarreal

 

*

La noche es una ventana iluminada hacia adentro
Y alguien busca colillas en un cuadro de Millet
En esta hora infame escucho el raspado del fósforo
Antes de la chispa,
La risotada estática sin destinatario.
Después, una vaga agonía invade mi estómago
Y el mundo late una vez más antes del vómito
Y se detiene de nuevo.
El inmóvil bicho que soy aguarda su turno para buscar colillas;
Oh sí, también yo conozco alguna pintura,
Alguna poesía para también fumar lo que no es mío.
Listo para orinar piernas abajo,
¿Cómo salir de aquí cuando las ratas elaboran una teoría
Universal?
El mundo no salta ni avanza (al contrario de lo que dijo
El poeta químico),
Es más bien una puerta giratoria de hotel
Donde consideramos entrar pero siempre saliendo.

 

*

Hay que rasgar la lengua
En el espejo,
Tirarle sal;
No hay que ceder también
A la posibilidad,
De este u otro destino;
Y desnudo,
Sin morada o blasfemia,
Caminar sobre el olvido.
      

 

*

Sería fácil caer hacia atrás
Por exceso de un mosto malo,
Al borde de un muelle nocturno
(como son todos):
Pensamos en cabrestantes, en ámbar marino
De un mejillón abandonado;
Y con una cierta idea de infancia con ensangrentadas rodillas.
Dame pues la mano, que decidiste sólo para mí,
Y no me dejes caer sin privilegio
U olvido.

Versiones del portugués de Renato Sandoval Bacigalupo

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Porque há lugares vazios onde nada cabe, / Entre o claro -escuro do atum de barrica / Pode estar a safa de muito poeta. / Por isso não é da vida que temos de fugir / Mas na literatura é que temos de entrar.

A luta de classes, segundo o Falé, reformado da Sorefame
Nunca se encontram, as paralelas, / Nem aqui, nem no infinito, vem na geometria. / Mas se por apatia deparares passeios opostos, / Vê como as putas têm modos entre elas: / Umas fodem, outras exercem.

A noite é uma janela iluminada para dentro / E alguém cata piriscas numa tela de Millet. / Nesta hora infame escuto o risco do fósforo / Antes do lume, / A gargalhada estática sem destinatário. / Depois, uma vaga agonia invade-me o estômago / E o mundo pulsa uma vez mais antes do vómito / E pára outra vez. / O bicho imóvel que eu sou aguarda a vez de catar piriscas; / Ó sim, também eu conheço alguma pintura, / Alguma poesia para também fumar o que não é meu. / Prestes a urinar pernas abaixo, / Como sair daqui quando os ratos elaboram uma teoria / Universal? / O mundo não pula nem avança (ao contrário do que disse / O poeta químico), / É antes uma porta rotativa de hotel / Onde julgamos entrar mas sempre a sair, / Porque tudo é movimento no mesmo lugar.

É preciso rasgar a língua / No espelho, / Atirar-lhe sal; / É preciso não ceder também / À possibilidade, / Deste ou outro destino; / E nu, / Sem morada ou blasfémia, / Caminhar sobre o esquecimento.

Seria fácil cair para trás / Por excesso de jeropiga, / À beira de um cais nocturno / (como são todos): / Pensamos em cabrestantes, em âmbar marinho / De mexilhão abandonado, / E numa certa ideia de infância com joelhos em sangue. / Dá-me pois a mão, que decidiste só para mim, / E não me deixes cair sem privilégio / Ou esquecimento.

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