dijiste honey bunny, ¿no? / Érica Zí­ngano

I.

repito conmigo
como si fuera joven
o niño
pero su ranura de dientes
de tripas y riñones
ideas constantes
de hacer crecer hiedra
a los oídos
mientras pregunto
cuántas veces
te tropiezas los pies
huesos mal equilibrados
al hacer el camino
entre el almuerzo
y la siesta
variamos las lenguas
en la complicidad de sernos
entendidos
al repetir la palabra
amor
aquella vieja casa
donde me venías a visitar
antes incluso de conocerme
cuando intentaba
inútilmente
grabar 10 variaciones
por segundo de mi sonrisa
arrastrando la impresión
de un cine mudo
en cada expresión
espontánea
teníamos el mismo retrato
en un huso horario diferente
agua y greenwich
atravesado
por leves movimientos
de tocar de dedos
(armazones posibles
para driblar el corazón
siempre en secreto)
y de nuevo insistes
en la palabra
amor
sin significado
cuando pronuncio
en una lengua
extraña
Înainte de a te cunoaÅŸte
veneamşi te sărutam la tine acasă
un poco más a la derecha
de donde estás
esa imprecisión
de lugares
al decir glicerio
al envés de glicinas
azaleas
o amapolas
bien abiertas
como los ojos
que no llegan
a percibir
toda la humedad guardada
de donde escribes
doblándote a ti mismo
para intentar recuperar
aquella luz antigua
que decías tener
entre nosotros

Versión del portugués de Sergio Ernesto Ríos

você falou honey bunny, não falou?
I.
repito comigo / como se fosse jovem / o menino / mas sua ranhura de dentes / de tripas e rins / ideias constantes / de fazer crescer hera / aos ouvidos / enquanto pergunto / quantas vezes / te tropeças os pés / ossos mal-equilibrados / ao fazer o caminho / entre o almoço / e a siesta / variamos as línguas / na cumplicidade de sermos / entendidos / ao repetir a palabra / amor / aquela velha casa / onde vinhas me visitar / antes mesmo de me conhecer / quando tentava / inutilmente / gravar 10 variações / por segundo de um sorriso meu / arrastando a impressão / de um cinema mudo / em cada expressão / espontânea / tínhamos o mesmo retrato / num fuso horário diferente / água e greenwich / atravessado / por leves movimentos / de bater de dedos / (armações possíveis / para driblar o coração / sempre em segredo) / e de novo insistes / na palavra / amor / sem significado / quando pronuncio / numa língua / estranha / Înainte de a te cunoaÅŸte /veneam ÅŸi te sărutam la tine acasă / um pouco mais pra direita / de onde estás / essa imprecisão / de lugares / ao dizer glicério / ao invés de glicínias / azaléias / ou papoulas / bem abertas / como os olhos / que não chegam / a perceber / toda a umidade guardada / de onde escreves / dublando-te a ti mesmo / para tentar recuperar / aquela luz antiga / que dizias haver / entre nós

Comparte este texto: