Poema / Catarina Nunes de Almeida

Abrió en el colchón las zanjas posibles
y enterró por orden alfabético
cada parte del cuerpo: los pelos
los pantanos las uñas enclavadas
y las uñas que otros clavaron por los muslos.
Estudió cuidadosamente las olas las horas
para que no quedaran dudas
sobre los caminos marítimos
hacia la noche. Por fin
podó todas las ventanas del cuarto;
bebió el vino;
royó la carne del cuarto
hasta no dejar ningún corazón.

Versión del portugués de Sergio Ernesto Ríos

__________
Abriu no colchão as valas possíveis / e enterrou por ordem alfabética / cada parte do corpo: os pêlos / os pântanos as unhas encravadas / e as unhas que outros cravaram pelas coxas. / Estudou cuidadosamente as ondas as horas / para que não restassem dúvidas / sobre os caminhos marítimos / para a noite. Por fim / podou todas as janelas do quarto; / bebeu o vinho; / roeu a carne do quarto / até não sobrar nenhum coração.

Comparte este texto: