Once lí­neas, casi nada / Emanuel Jorge Botelho

acabé, hace poco, de pensar.
no encontré, en mí, nada que merezca tener un nombre.

quedar entre dos comillas, dije a mi voz,
no me salva del abismo.

no hay nada que asegure las palabras
de la vergüenza,
y la caída no tiene protección
cuando se cae de manos sueltas.

todos los días muere un hombre que sólo quería
tener un poco más de tiempo, digo,
y escribo mi culpa dentro de mis manos.

Versión del portugués de Sergio Ernesto Ríos

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Onze linhas, quase nada
acabei, há pouco, de pensar. / não encontrei, em mim, nada que mereça ter um nome. // ficar entre duas aspas, disse à minha voz, / não me salva do abismo. // não há nada que segure as palavras / da vergonha, / e a queda não tem amparo / quando se cai de punhos lassos. // todos os dias morre um homem que só queria / ter um pouco mais de tempo, digo, / e escrevo a minha culpa dentro das minhas mãos.

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